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Relógio de Sol

 

A Terra se desloca ao redor dessa luz intensa, dessa bola de fogo que chamamos de Sol. É a partir da intensidade e da posição dessa luz e suas projeções de sombra em relação a nós que medimos essa coisa abstrata que chamamos de tempo, que rege nossos modos de existir aqui embaixo nessa bola azul.

Através da janela a luz entra e projeta suas sombras que indicam mais ou menos qual o período do dia. No ateliê as cores absorvem mais ou menos luz, refletem mais ou menos o brilho do dia, e a partir dessa incidência que entra pela janela lateral, é projetada na tela um arco.

Na metade esquerda que fica mais longe da janela, os ocres, marrons e tons de terra são mais intensos, no lado oposto onde a luz se projeta com mais força aparecem uns azuis de céu, de água e uns verdes que chamam a imagem de uma paisagem idealizada, mata fechada.

Essa luz que entra vai ficando mais amena, vai se apagando com o decorrer desse tempo indefinido e que passa de forma diferente com um pincel na mão. Se no relógio de sol, que é a forma de medir a passagem do tempo mais antiga criada, a medição se dá através da sombra projetada através de uma haste em uma base circular, na vida cotidiana também podemos reconhecer o ponto em que nos encontramos em relação ao tempo-espaço através das cores que reluzem nas folhas de uma árvore, no verde limão que brilha nas pontas das folhas, e nos pretos intensos ou nas cores invertidas que aparecem na contraluz, na sombra colorida projetada no chão.

Uma pintura é uma forma de registrar o tempo, cada pincelada tem o seu, cada camada guarda a memória de mais um dia que se foi. Uma pintura é o tempo pintado e o tempo que se vê. É presente e é passado. E se der certo, se é que haverá um, será vista num futuro.

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