Olívia Lacerda
Estado das coisas (2021-) é uma série de cinco pinturas de dimensões variadas, nela investigo a materialidade e as possibilidades da tinta, compostas por camadas de tinta óleo em diferentes estados, desde muito diluída em terebintina até ela pura, utilizando majoritariamente espátula. São pinturas abstratas, mas também podem remeter a um tipo de paisagem, que na história da arte foi o tema que originou as primeiras pinturas do que entendemos hoje como abstração.
O título vem do termo jurídico estado de coisas que geralmente é utilizado para falar de inconstitucionalidades no sistema penal mas também é empregado para fazer referência ao contexto social e político. Num jogo com as palavras busco através do título falar tanto dos estados e possibilidades da matéria tinta, fazendo assim um paralelo com o estado de coisas que vivemos, pensando o Estado capitalista como principal agente da coisificação da vida e também como referência de território geográfico já que as pinturas podem remeter a paisagens.
Estado das coisas III – para ver o horizonte vire para a esquerda é uma pintura de 150x100cm, feita com tinta óleo, fotografia analógica e fragmentos do jornal Diário de São Paulo do dia 24 de abril de 1956 sobre tela. As fotografias foram tiradas por mim no ano de 2015 da praia de Santos, cidade onde nasci e morei a maior parte da minha vida. No centro da pintura encontra-se um fragmento de uma foto do horizonte, porém na posição vertical.
Em estado das coisas V parte da tinta utilizada é proveniente de processos anteriores, retirada da paleta e armazenada, formando assim uma tinta acinzentada e com uma textura pegajosa por conta do solvente e óleo de linhaça adicionados nesses processos passados. Algumas cores acabam saltando a vista no meio dessa massa irregular de tinta.









